Certa manhã de maio, acordei com a velha musiquinha dos smurfs do meu velho celular. O sol, imponente, tentava amenizar o frio que fazia, devido ao sopro forte de vento que anunciava mais um inverno. Eu, ainda meio sonolenta, obriguei-me a retirar o corpo do calor confortante debaixo do meu edredon. E assim, fui – eu mais minha amiga – para o médico. Embora eu estivesse com a perna machucada, por conseqüência de um descuido, não era eu quem iria consultar… Então, sentei numa cadeira, na sala de espera do consultório e para a minha felicidade havia uma TV. Fiquei acompanhando a Ana Maria Braga falando incansavelmente sobre pimentas.
Eram 9:30 da manha quando chegamos ao médico. A espera foi um tanto demorada e o tédio foi sumindo quando terminou o programa da Ana Maria Braga e começou o “George – O rei da floresta”, pois logo após este desenho passaria o meu favorito: “Bob Esponja calça quadrada”. Cara… Eu AMO o Bob Esponja! Quando chega 10:00 da manhã, não importa o que estou fazendo, mas largo tudo e corro para a frente da TV com os olhinhos brilhando clamando ansiosamente pelo Bob.
“Acaba logo o desenho do George, quero ver o Bob Esponja!”, pensava eu com meus botões. Apesar de achar essa temporada menos engraçada do que a anterior e os dubladores do Seu Sirigueiro e do Lula Molusco não serem os mesmos, ainda assim é o meu preferido. Particularmente eu odeio quando mudam os dubladores no meio da temporada, e os dubladores novos ficam tentando imitar a voz real do personagem parecendo uns palhaços. Com isso o desenho, ou seja o que for, perde muito.
Então que, enfim acabou o George e eu estava como uma pessoa, que está esperando a amiga num consultório médico, deveria estar: quieta, imóvel, adulta e séria. Mas por dentro eu estava me portanto como uma criança de pijama em frente à TV que vibra diante do inicio do seu desenho favorito: “Vive num abacaxi que mora no mar – Bob Esponja calça quadrada!”
Mas… Antes da música de entrada terminar a secretária da doutora dirigiu-se até a TV e com o seu MALDITO dedo mudou de canal. Simplesmente foi lá e diabolicamente apertou o botão! Meu sangue entrou em ebulição neste instante. Poooooooooorra Bátemã! que mulher viadinha, sem coração! Só porque eu tenho vinte e poucos anos não significa que gosto de assistir coisas chatas o tempo todo! Qual seria o problema dela quanto ao adorável Bob Esponja? Acho que ela não curte animais, muito menos os do filo Porífera e suas peripécias. Se bem que acho que uma pessoa como aquela não deve nem saber que ele é do reino Animália.
A criança que habita o meu ser morreu e prevaleceu a adulta. Não deu tempo nem da pobrezinha pedir “Deixa lá no Bob Esponja, oras!”. E com isso conclui que se deve tomar cuidado com secretárias de médicos que usam jaleco branco e luzes louras no cabelo, pois elas certamente tentarão te abduzir para o mundo real, matar a sua criancinha interna e declarar o seu ódio pelos seres inferiores do reino Animália.